1. Mastite ou
mamite da vaca leiteira
A mastite é uma patologia que
afecta as explorações de vacas leiteiras, com consequências graves para a saúde
dos animais e com perdas económicas acentuadas.
A mastite é a inflamação das
glândulas mamárias, acompanhada muitas vezes por edema. Várias bactérias podem
originar mastite, incluindo estreptococos,
estafilococos, pseudomonas, corynebacterium pyogenes, Echerichia coli, etc.
o leite pode apresentar-se grumoso ou com aspecto anormal, mas na maioria dos
casos verifica-se sempre qualquer modificação no leite.
No edema do úbere verifica-se um
aumento da circulação sanguínea, produz-se inchaço e o sangue é levado para o
úbere com maior rapidez do que aquela com que sai dele. O teste mais económico
para a detecção de mastite, de uso muito fácil é o Teste Californiano de
Mamites (TCM).
As mastites podem apresentar várias
formas: aguda, crónica e gangrenosa.
1.1 Mastite
Aguda
A mastite aguda aparece de modo
abrupto. Quando detectada a primeira vez, regista-se em geral uma redução
acentuada na produção de leite. Este pode aparecer manchado ou com filamentos
grumosos ou, algumas vezes, reduzido a um fluído aquoso que não tem qualquer
semelhança com o leite. Não raro o úbere aquece e incha num ou mais quartos (o
úbere das vacas divide-se em 4 quartos com um teto em cada um).
Muitas vezes a temperatura atinge
ou supera os 39ºC, o animal perde o apetite e, em alguns casos, deixa mesmo de
se alimentar.
A mastite aguda surge muitas vezes
como consequência de situações de stress provocadas por acidentes, tais como
uma pancada, extracção do colostro, ou pelo frio, situações que favorecem a
multiplicação das bactérias e criam situações perigosas.
1.2 Mastite
Crónica
Com este tipo de mastite a mesma
vaca evidencia acessos de mastite periódicos e repetidos. O animal não parece
tão doente como se estivesse com uma mastite aguda ou pode mesmo não apresentar
sintomas de doença.
O úbere pode inchar mas, em geral,
o primeiro sintoma de perturbação ocorre quando o leite não passa através do
filtro. Os quatro quartos devem ser ordenhados separadamente para um copo antes
de cada mungição ou ordenha.
1.3 Mastite
Gangrenosa
Este tipo de mastite pode ocorrer
na sequência da mastite aguda ou aparecer abruptamente. Deverá providenciar-se
assistência veterinária urgente ou há fortes probabilidades de ocorrer a morte
do animal. Com frequência a mastite gangrenosa é provocada quando o inchaço
corta a circulação sanguínea num ou mais quartos. Se o animal não receber
tratamento veterinário adequado rapidamente, ficará intoxicado comprometendo a
sua recuperação.
1.4 Sinais
¶
Mastites
clínicas: febre, edema da glândula mamária, dor, hipertermia,
secreções purulentas, alterações visíveis do leite.
¶
Mastites
subclínicas: alterações do leite não evidentes, sem sinais de inflamação
da glândula mamária diminuição da produção de leite.
1.5 Profilaxia
v Higiene: as
falhas de higiene são os principais factores de risco das mastites. A higiene
das instalações dos animais, do úbere, dos equipamentos da ordenha e do pessoal
é fundamental para o controlo das infecções numa exploração. Remoção adequada
das fezes do estábulo e da pastagem.
v Controlo de
insectos, que são vectores de microorganismos.
v Isolamento
das vacas infectadas.
v Ordenha em
último lugar, das vacas infectadas. O leite deverá ser rejeitado.
v Quarentena
de animais novos.
v Separação
das vacas em lactação das vacas secas.
v Tratamento
profiláctico das vacas secas 2 a 3 meses antes do parto.
v Alimentação
adequada, eventual suplementação com vitaminas A, E e C, cobre e selénio.
1.6 Tratamento
das mastites
O tratamento das mastites obedece a
critérios e boas práticas que visam a eliminação total da doença. É fundamental
o cumprimento estrito das indicações do Médico Veterinário para garantir o
sucesso terapêutico.
Se possível, deverão obter-se
amostras do leite, que serão enviadas a um laboratório para testes de cultura e
sensibilidade. Em caso de impossibilidade, o melhor será o tratamento
sistemático do animal com um antibiótico de largo espectro durante um período
mínimo de três dias, mesmo se o animal parecer estar em recuperação. Os
antibióticos deverão ser seleccionados e prescritos pelo Médico Veterinário
após exame clínico do animal e exames complementares de diagnóstico.ambiotic
Ter o devido cuidado na escolha dos
antibióticos, dado que o leite proveniente de animais infectados não pode ser
comercializado durante vários dias (cumprimento do intervalo de segurança) após
o tratamento com esses medicamentos.
Conjuntamente com os medicamentos
destinados ao tratamento do animal doente, as massagens com unguentos ou
pomadas apropriadas para manter o úbere aquecido e a mungição várias vezes ao
dia (esvaziamento do quarto afectado e rejeição do leite), são medidas que, em
grande parte dos casos, ajudam a conseguir-se um alívio rápido.
1.7 Medicamentos
e produtos mais utilizados
Ø Injectores
mamários:
·
Período de lactação: Sorogenta®, Cefovet® L,
Cobatctam® VL, Pathozone®, Trimlac®, Pirsue®, Cloxambiotic®, Cooperclox Plus
MC, Nafpenzal®MC.
·
Período de secagem: Cobactan®DC, Cefovet DC®,
Cepravin DC®, Cooperclox Plus DC®, Nafpenzal ®DC, Bovamast®.
Ø Anti-sépticos:
Agrisept®MC, Mammibio HV®, Iosan GL®.
Ø Produtos de
aplicação tópica: Mastidina®
2. Diarreia em
Vitelos
A diarreia neonatal é uma das
principais afecções dos vitelos, sendo responsável por elevadas perdas
económicas nas explorações. É também a causa de morte mais frequente no
primeiro mês de vida.
2.1 Causas
Alimentares
|
Infecciosas
|
Maneio
|
Tóxicas
|
Outras
|
Leites de substituição, desmame,
alimentação sólida.
|
Bactérias (E.
Coli, Salmonella sp.), fungos e parasitas (Cryptosporidium sp., Coccídias).
|
Más condições de higiene durante o parto e das
instalações.
|
Plantas tóxicas.
|
Doenças subjacentes.
|
2.2 Sinais
Associados
Os animais com diarreia manifestam
ainda um conjunto de sinais variáveis de acordo com a etiologia: prostração,
febre ou hipotermia, anorexia, depressão, mau estado corporal e desidratação. A
evolução deste estado conduz ao coma e à morte.
2.3 Tratamento
v Etiológico, baseado na identificação
laboratorial do agente e histopatologia.
v Sintomático, com o recurso a antipiréticos e
suplementos nutricionais.
v De suporte, com a reposição de fluídos e
electrólitos.
As diarreias em vitelos necessitam
de intervenção médica urgente. O tratamento é instituído pelo Médico
Veterinário, de acordo com a especificidade de cada caso. Os animais afectados
deverão ser isolados em locais quentes e secos, ao abrigo da chuva e do vento.
2.4 Medicamentos mais utilizados
¶
Electrólitos: Rehydion® gel, Enerlyte®, Flory’boost Veau®, Guttelac®.
¶
Antibióticos: Albipen
LA®, Amoxisol Retard®, Clamoxyl®. As tetraciclinas, quinolonas e os
aminoglicosídeos estão contra-indicados nalguns casos. A antibioterapia é da
inteira responsabilidade do Médico Veterinário e é específica para cada caso.
¶
Antipiréticos: Metacam®
inj. 20 mg
¶
Suplementos nutricionais: Diarsanyl®, Benfital®,
Bêcomplex®, Duphafral multi®, Vitaction®
2.5 Profilaxia
Ñ
Bom estado corporal das mães antes dos partos;
Ñ
Ingestão de colostro logo após o nascimento;
Ñ
Vacinação e desparasitação das mães antes da gestação
e dos vitelos.
Ñ
Boas condições de maneio: higiene das instalações,
utensílios e equipamentos; remoção imediata da urina e fezes dos animais;
manter os animais em locais limpos e secos.
3. Pneumonia
Bovina
A pneumonia bovina, afecta
frequentemente os bovinos domésticos estabulados, sobretudo no inverno. É
responsável por uma elevada morbilidade conduzindo a grandes quebras na
produção.
3.1 Causas
Bactérias do género Pasteurella (bactérias saprófitas das
vias respiratórias dos ruminantes), e bactérias oportunistas.
3.2 Factores
predisponentes
Stress, alterações climáticas,
transporte, alterações da alimentação, más condições de alojamento e maneio
(humidade, amoníaco), imunodepressão.
3.3 Sinais
ü Iniciais:
·
Respiração ofegante;
·
Diminuição da produção de leite;
·
Pirexia;
·
Anorexia;
·
Tosse não produtiva.
ü Sem a
intervenção médica, os sinais evoluem para:
·
Dispneia (dificuldade em respirar) – os animais
esticam o pescoço e dilatam as narinas para conseguirem respirar;
·
Rinorreia (secreção nasal);
·
Exacerbação dos ruídos respiratórios;
·
Prostração.
3.4 Diagnóstico
Através do exame clínico e de
exames complementares, o Médico Veterinário efectuará o diagnóstico desta
doença, bem como o diagnóstico diferencial de outras doenças com sinais
semelhantes.
3.5 Profilaxia
Boas condições de alojamento:
estábulos limpos, frescos e secos. Camas secas e limpas. Ventilação adequada.
Evitar as correntes de ar e as alterações bruscas de temperatura. Vacinação.
3.6 Medicamentos
mais utilizados:
Ñ
Normalmente recorre-se a medicamentos injectáveis. Os
animais doentes apresentam anorexia, pelo que o recurso a medicação oral não
será eficaz.
Ñ
Antibióticos: Resflor®
300, Clamoxyl ®, Clamoxyl LA®, Compropen®, Ceporex Vet® inj., Cobactan LA®,
Eficur®, Calierdoxina®, Calimicina®, Captalin®, Draxxin®.
Ñ
Anti-inflamatórios
não esteróides: Afluzin®, Finadyne®, Metacam® inj., Rimadyl®,
Rornefen®, Tolfedine®.
Ñ
Mucolíticos: Eres®inj.,
Quentan®inj.
Bibliografia
www.globalvet.com, 2008
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