1. Ectima
contagioso – a boqueira dos cabritos e borregos
1.1. O que é o Ectima Contagioso?
É uma doença de pele, de carácter
transmissível, que afecta a pele e os lábios dos ovinos e caprinos, produzida
por um vírus pertencente á família Poxviridae,
género Parapoxvírus, conhecido
como vírus QRF.
A transmissão faz-se pelo contacto
directo entre animais infectados e animais sãos, ou indirectamente, através de
lesões nos lábios dos animais, causadas por ferragens grosseiras infectadas com
as crostas de animais doentes desprendidas no ambiente.
Devido á sua capacidade de
conservação nas crostas, o vírus pode permanecer virulento nos pastos e nos
estábulos durante anos. Especialmente durante o tempo seco, a infecção é
disseminada rapidamente.
1.2. Quadro clínico
Período de incubação: o período de incubação é de 6 a 8
dias.
Formas de apresentação:
·
Lesões
nas bordas dos lábios e comissuras labiais, inicialmente apresentando manchas
pequenas, evoluindo para módulos, vesículas, pústulas e crostas, com exsudação,
aumento das crostas e desprendimento das mesmas.
·
Podal
(patas): lesão cutânea simples com vesículas e crostas nas partes distais
(extremidades) que ficam quentes e dolorosas. Pode gerar uma pododermite
necrótica.
·
Genital:
apresentando pústulas, erosão e crostas na mama, face interna das coxas, lábios
da vulva e prepúcio.
As ovelhas ou as cabras com infecção mamária causada pelo
vírus do Ectima Contagioso podem transmitir a doença aos cordeiros ou aos
cabritos que ainda mamam. Aparece nos animais jovens entre as 3 e 12 semanas de
idade.
1.3. Prognóstico
A doença, sendo benigna e curável espontaneamente, tem um
prognóstico favorável em relação á evolução clínica.
As perdas económicas são grandes, devido ao emagrecimento dos
animais, que não podem alimentar-se normalmente.
A mortalidade de crias poderá ocorrer devido ás infecções
secundária na boca, impossibilitando-as de mamar, causando também dor á
progenitora e fazendo com que estas não permitam que as crias mamem.
1.4.Tratamento e profilaxia
O tratamento consiste na separação dos animais doentes para
evitar contágios e desinfecção diária das feridas da boca das crias com solução
de glicerina iodada a 6%. O mel rosado é igualmente utilizado com bons
resultados.
No caso de lesões no úbere, deve-se utilizar a solução de
iodo com glicerina na proporção de 1:3. Pode-se utilizar, também, o ácido
fénico a 3% com glicerina ou permanganato de potássio a 3%.
A profilaxia do Ectima Contagioso faz-se igualmente através
do recurso a autovacinas e ao isolamento dos animais doentes.
2.Enterotoxémia dos ruminantes
A Enterotoxémia é uma doença que afecta os bovinos, ovinos e
caprinos, frequentemente em animais confinados. É de evolução rápida e fatal. O
seu conhecimento permite um apoio consistente ao utente e um aconselhamento
mais fundamentado.
2.1. Causas
A Enterotoxémia é causada pela disseminação por via sanguínea
de toxinas de Clostridium perfringens, uma
bactéria existente no solo, fezes e intestinos de animais saudáveis.
Esta doença está normalmente associada a erros alimentares tais
como a alteração brusca do tipo de alimento, sobrecarga alimentar, baixa
quantidade de fibra e elevada quantidade de carbohidratos fermentescíveis.
A rápida multiplicação de C. perfringens no intestino leva á
libertação de toxinas para a circulação sanguínea, provocando os sinais
clínicos da doença.
Ocorre mais frequentemente em animais jovens, podendo também
afectar animais adultos.
Não é contagiosa.
2.2. Sinais
Geralmente são de ordem nervosa e variam de acordo com a
evolução do caso.
o
Quadro
hiperagudo: os animais são encontrados mortos, sem nenhuma evidência de doença
prévia;
o
Quadro
agudo: prostração, vocalizações, descoordenação, manias, convulsões
generalizadas. A morte ocorre algumas horas após o início dos sinais clínicos;
o
Quadro
subagudo: anorexia, apatia, desinteresse, nalguns casos cegueira, cólicas e
diarreia.
O diagnóstico é feito com o recurso a exames laboratoriais
com identificação da toxina.
2.3. Tratamento
Dada a evolução fulminante da doença, o tratamento não é
realizado. Em casos crónicos, pode ser administrada uma antitoxina, bem como
antibióticos.
2.4. Profilaxia
A profilaxia assume uma importância fundamental no controlo
da Enterotoxémia, uma vez que não existe um tratamento eficaz. Tratando-se de
uma doença que na maioria dos casos provoca morte súbita, a prevenção é a
estratégia a adoptar.
Das medidas profilácticas recomendadas, destacam-se as
seguintes:
- Vacinação semestral;
- Alimentação adequada, com uma boa relação entre fibra e concentrado;
- Evitar mudanças bruscas de alimentação.
2.5. Medicamentos utilizados
Vacinas: Covexin 10; Covexin 8;
Multivac 9; Biovina S; Enterovina; Heptavac.
3. Peeira (Pezunho)
A Peeira, ou Pezunho, é uma doença crónica que afecta as extremidades dos ovinos e caprinos, provocando lesões nas unhas. É altamente contagiosa quer na pastagem, quer no estábulo, tendo grande relevância nas épocas de maior humidade.
3.1. Causas
Provocada pela acção conjunta de
duas bactérias: Fusobacterium necroforum
e Dichelobacter nodosus. Estas
bactérias são anaeróbias, desenvolvendo-se no interior das unhas.
3.2. Factores predisponentes
·
Pastagem quente e húmida – normalmente na Primavera e
no Outono;
·
Pastos lamacentos, instalações conspurcadas e húmidas;
·
Elevada concentração de animais.
3.3. Sinais
- Dermatite interdigital;
- Infecção dos dedos, com formação de pus entre as unhas e os tecidos moles;
- Odor butírico;
- Dor aguda;
- Claudicação. Em casos de extrema gravidade os animais andam de joelhos;
- Emagrecimento progressivo (os animais têm dificuldade em deslocar-se, não conseguindo alcançar o alimento).
3.4. Profilaxia
- Vacinação;
- Higiene das unhas;
- Passagens regulares em pedilúvio (infra-estrutura localizada é entrada/saída do estábulo, contendo uma solução desinfectante, para que os animais nele mergulhem as patas);
- Pastagens descontaminadas, higiene das instalações.
3.5. Tratamento
v Separação e
tratamento individualizado dos animais doentes;
v Limpeza
regular das unhas, com eliminação completa das partes mortas;
v Aplicação
tópica de antibióticos;
v Imersão das
unhas em pedilúvio.
3.6. Produtos mais utilizados
Antibióticos de aplicação tópica:
Terramicina Nebulizador, Aureomicina Spray.
Pedilúvio: solução de Sulfato de
Cobre 5%.
4. Língua Azul
A Língua Azul, ou Febre Catarral
dos Ovinos +e uma doença endémica em Portugal, que afecta os ruminantes,
sobretudo os ovinos.
4.1. Causas
É provocada por um vírus da família
Reoviridae, sendo transmitida pela
picada de mosquitos do género Culicoides.
O vírus está presente no sangue e secreções genitais dos animais. A “Língua
Azul” não é contagiosa de animal para animal, mas sim através da picada do
mosquito.
Nas regiões de clima temperado a
maior incidência da doença ocorre sobretudo no final do Verão e no início do
Outono.
4.2. Sinais
Nos ovinos o período de incubação é
de 5 a 20 dias, e a doença manifesta~se de forma aguda.
v Hipertermia
(42ºC);
v Depressão;
v Inflamação,
ulceração e necrose da mucosa oral;
v Tumefacção
e cianose da língua (língua azul);
v Edema
subcutâneo, submandibular e supra-orbital;
v Claudicação;
v Aborto;
v Pneumonia,
rinorreia, dispneia;
v Perda de
peso.
Nos bovinos e ruminantes selvagens
a doença evolui de forma subaguda ou inaparente, constituindo estes animais,
reservatórios do agente. Os sinais são ligeiros e incluem aborto,
recém-nascidos débeis e anomalias congénitas.
4.3. Diagnóstico
O diagnóstico é feito através do
isolamento e identificação do agente e de testes sorológicos.
A “Língua Azul” é uma doença de
declaração obrigatória. Perante a suspeita de infecção, as autoridades
sanitárias deverão ser contactadas de imediato.
4.4. Diagnóstico diferencial
Existem outras doenças que deverão
ser excluídas, numa suspeita de “Língua Azul”: ectima contagioso, febre aftosa,
fotossensibilização, pneumonia, poliartrite, peeira, envenenamento por plantas,
cenurose, doença hemorrágica epizoótica dos cervídeos.
4.5. Tratamento
Não existe tratamento eficaz contra
a Língua Azul. Os animais infectados deverão ser isolados, pois constituem
reservatórios do vírus.
A morbilidade pode atingir os 100%
e a mortalidade os 10%. Os animais sobreviventes recuperam em 3-8 semanas,
ficando imunizados.
4.6. Profilaxia
- Vacinação dos animais. A vacinação é semestral e faz parte do Plano Nacional de Erradicação da Língua Azul, sendo da responsabilidade das Organizações de Produtores Pecuários.
- Produtos pecuários.
- Higiene e desinfecção das instalações e transportes.
- Desinfestação das instalações e dos transportes.
- Protecção das instalações contra insectos (ex: redes mosquiteiras e electrocaçadores).
- Drenagem das águas estagnadas.
Bibliografia
www.globalvet.com, 2008
Muito bom. Já ajuda bastante!
ResponderEliminartenho um carneiro doente e não sei o que ele tem. gostaria de saber o que pode ajudar sitonas do animal não come não anda e fica ensolado dos outros e fica de linguá de fora gostaria de saber o que ele tem obrigado
ResponderEliminarGostaria de saber os tenho 4 cabritinho e estão com inchaço nas patinhas dianteira nas juntas perto das patinhas o que pode ser é o que causou estou aplicando terramicina.
ResponderEliminarTenho um cabrito doente ele fica caindo
ResponderEliminarComo se tivesse com as parnas de traz fracas, porem ele esta comendo normal o que pode ser
no meu rebanho uma ovelha prendeu o folgo oom a corda e caiu, daí, não consegue mais levantar,tem movimentos nas pernas, embora,duras coloco em pé mais ela deita, alimenta normal
ResponderEliminarO que pode ser?
Qual medicamento posso usar?
a oito dias estou aplicando cálcio mas não estou vendo resultado.
Boa tarde minha cabrita não tá conseguindo colocar a pata no chão e só fica deitada e é só uma e a da esquerda bem na dobra saber dizer o que é
ResponderEliminarbom dia, estou começando um criatorio de caprinos qual melhor raça para caatinga?
ResponderEliminarTenho uma ovelha ele não urina que remédio para curar
ResponderEliminarTenho um cabrito doente ele fica caindo também
ResponderEliminarComo se tivesse com as parnas de traz fracas, porem ele esta comendo normal o que pode ser